Quão ambiciosos devem ser seus OKRs?
Metas ambiciosas são tão importantes que as “Dez verdades em que acreditamos”, um manifesto do Google, as menciona (tradução minha):
Definimos metas que sabemos que não podemos alcançar ainda porque sabemos que, ao nos alongarmos para alcançá-las, podemos ir mais longe do que esperávamos.
Metas ambiciosas podem também ser chamadas strech goals (metas de alongamento). Mas o que é exatamente uma stretch goal?
A analogia do alongamento
Vamos pensar sobre as características do alongamento:
- Quando você está se alongando, parece que há desconforto, até mesmo um pouco de dor. O alongamento tira você da zona de conforto;
- O alongamento pode ser desconfortável ao fazê-lo, mas depois faz você se sentir bem;
- A ideia de alongamento é tentar alcançar um lugar que você sabe que não consegue alcançar. Você tem que continuar tentando alcançar seu pé, esmo que você sabia que não consegue alcançá-lo;
- Depois de se alongar regularmente, você começar a alcançar mais longe do que se você não estivesse alonga. Você pode ainda não estar alcançando seu pé, mas agora você alcança lugares que não conseguia antes;
- Apesar de o alongamento supostamente ser feito para sentir desconforto, você não deve estirar um músculo. Você deve tentar não ir tão longe a ponto de se machucar. Você pode tentar ser como Jean Claude Van Damme, mas tudo no seu tempo.
Como isso se aplica à definição de metas?
Quando você pensa sobre essa analogia, você pode dizer que stretch goals são metas que:
- Tiram você da sua zona de conforto;
- Fazem você ir atrás de alvos que você acha que não consegue alcançar (pelo menos, ainda não);
- Fazem você conseguir coisas que você não conseguia antes;
- Devem ser difíceis, mas não a ponto de machucar (ou desmotivar) você.
Pense nas stretch goals como metas que são tão difíceis que fazem o time repensar a maneira como trabalha, fazer perguntas difíceis e ter conversas difíceis que estivessem sendo evitadas. Stretch goals fazem os times pensar quão longe podem ir.
Na verdade, em um metaestudo de 35 anos de pesquisa empírica, os pioneiros da teoria do estabelecimento de metas Edwin Locke e Gary Latham encontraram evidências científicas que mostram que “as metas mais altas ou mais difíceis produzem os níveis mais altos de esforço e performance”.
“as metas mais altas ou mais difíceis produzem os níveis mais altos de esforço e performance”.
Como Larry Page escreveu no prefácio de How Google Works, fazer as pessoas pensarem grande é difícil, e metas ousadas são fundamentais:
[Times] tendem a supor que as coisas são impossíveis, em vez de… descobrir o que realmente é possível. É por isso que colocamos tanta energia em contratar pensadores independentes na Google, e estabelecer grandes metas.
O 70% é o novo 100%?
Em seu vídeo, agora clássico, apresentando OKRs, Rick Klau afirma que:
Objetivos são ambiciosos e devem dar um pouco de sensação de desconforto.
O “ponto ótimo” para um grau de OKR é .6 – .7; se alguém consegue 1.0 consistentemente, seus OKRs não são ambiciosos o suficiente. Se você obtém sempre 1, você não está arrasando, você está trapaceando.
A declaração de Klau levou ao questionamento: “se 70% é o resultado aceito, o 70 é o novo 100?”
Essa questão aparece apenas se o time não está se alongando. Permitir 70% de alvo seria como tocar sua perna sem tentar alcançar o pé – isto é, não se alongar. A ideia da meta alongada é continuar tentando alcançar os 100%, mesmo que você saiba que não vai conseguir na maior parte do tempo.
Moonshots versus Roofshots
O tipo de OKR que KLau descreve é chamado de “moonshot” (traduzido livremente, tiro para a lua). Na prática, há também um segundo tipo de OKR, os “roofshots” (traduzido livremente, tiro para o teto). A tabela abaixo explica os dois:
Moonshots | Roofshots |
|
|
Os moonshots são um pedaço fundamental do OKR, mas requerem muita maturidade organizacional. Em minha experiência, moonshots podem resultar em alguns problemas:
- Eles podem desmotivar o time
Pessoas gostam de bater metas. Conseguir apenas 60% dos OKRs pode desmotivar muitas delas, especialmente no começo.
- Falta de responsabilidade e comprometimento
Moonshots podem ser mal interpretados por alguns, criando uma cultura na qual você não tem que atingir suas metas: “Ei, não importa. É apenas uma meta alongada”.
- Problemas de alinhamento
Especialmente quando usando resultados-chave baseados em atividade, moonshots podem causar problemas de alinhamento entre times interdependentes. Um time precisa de algo de outro time, mas este segundo não consegue entregar, já que era um alongamento.
É por isso que roofshots existem e são usados por vários times dentro da Google, usualmente misturados com moonshots. Uma abordagem que gosto é estabelecer um resultado-chave moonshot por OKR – os outros são todos roofshots.
Eu recomendo fortemente que você comece usando apenas roofshots. Para desenvolver uma cultura focada em resultados, comece focando em bater metas. Depois, quando a cultura estiver mais madura, você pode evoluir para moonshots para começar a questionar quão longe a organização pode ir.
Melhores Posts
Serviços
Escritórios
EUA
Miami, FL
Brasil
Rio de Janeiro